Atos Proféticos Na Igreja

Atos Proféticos na Igreja

(Por: Ministério Urro do Leão)

Vivemos dias de restauração do ministério profético na Igreja. A restauração é um trabalho de recuperação que exige mudanças e correções para alcançar a melhor forma daquilo que é restaurado. Algumas mudanças serão bem aceitas e outras causarão algum tipo de transtorno, mas ambas cooperam para a mesma finalidade, a edificação do corpo de Cristo. Neste tempo, será exigido da parte de cada cristão, paciência e amor para não censurar a obra que Deus está realizando na Igreja.

A intenção deste estudo não é criticar este ou aquele ministro, nem discriminar nenhum outro ministério, não intencionamos teologar ou criar uma nova doutrina para a igreja, não somos detentores da verdade nem ousamos restringir o Espírito Santo em uma caixinha de regras politicamente corretas, o objetivo é fornecer algum esclarecimento sobre o crescente mover profético em nosso meio. '''O Profeta e Sua Necessidade'''


O profeta de hoje antigamente se chamava vidente (1SM 9:9). Acredito que o sentido e a função da palavra profeta tenha se perdido com o tempo. Particularmente a interpreto como: porta voz que anuncia a chegada, a presença e a vontade de Deus e o seu reino.


"Nas escrituras, é um que fala em nome de outro e na maioria dos casos, um que fala em nome de Deus, de quem é porta voz e representante. Não obstante, no uso comum atual, profeta é, quase exclusivamente, alguém que prediz o futuro. Mas a pregação das coisas futuras é somente uma parte da mensagem do profeta e nem sempre se inclui. No AT o profeta era chamado de nabi, termo que pode significar "aquele que é chamado (por Deus) e tem o encargo de falar a outros da parte de Deus. Também recebe o nome de vidente, isto é, aquele que vê por revelação divina, às vezes em verdadeiras visões ou sonhos, uma mensagem que Deus lhe transmite e que, por sua vez, ele deve transmitir a outros. Nesse sentido amplo, pode-se dizer que profeta é a pessoa que foi chamada por Deus e a quem Deus confia a sua mensagem para que a anuncie a outros" (Dicionário da Bíblia de Estudo Almeida, pg. 77 e 78).


Segundo a Bíblia de Estudo Pentecostal:


(1) Ro'eh. Este substantivo, traduzido por vidente, em português, indica a capacidade de se ver na dimensão espiritual e prever eventos futuros. O título sugere que o profeta não era enganado pala aparência das coisas, mas que via conforme realmente eram - da perspectiva do próprio Deus. Como vidente, o prpfeta recebia sonhos, visões, e revelações, da parte de Deus, que o capacitava a transmitir suas realidades ao povo.


(2) Nabi'. (a) Esta é a principal palavra hebraica para "profeta" e ocorre 316 vezes no AT. Nabi'im é sua forma plural. Embora a origem da palavra não seja clara, o significado do verbo hebraico "profetizar" é: emitir palavras abundantemente da parte de Deus, por meio do Espírito de Deus (Gesenius, Hebrew Lexicon). Sendo assim, o nabi era o porta voz que emitia palavras sobre o poder impulsionador do Espírito de Deus. A palavra grega prophetes, da qual se deriva a palavra 'profeta' em português, significa "aquele que fala em lugar de outrem". (O Profeta no Antigo Testamento - pg. 1001)


O Pr. John Bevere descreve o profeta como sendo o mensageiro de Deus:


"Se você observar a maneira como Jesus iniciou cada mensagem às sete igrejas, você perceberá que Ele disse: ao anjo da igreja em... A palavra grega anjo é aggelos que significa mensageiro. Está é a mesma palavra grega usada para descrever o ministério de João Batista: Conforme está escrito na profecia de Isaías: Eis aí envio diante de tua face o meu mensageiro, o qual preparará o teu caminho (Mc 1:12). Mensageiro neste versículo é também a palavra grega aggelos. Esses mensageiros enviados às igrejas em Apocalipse são os profetas Elias. Eles não estão trazendo uma mensagem agradável, mas sim a mensagem do Senhor, de arrependimento, à sua Igreja".


O Apóstolo Pedro escreveu: "Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração, sabendo, primeiramente, isto: que nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens [santos] falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo" (2 Pe 1:19-21).


A palavra profética é comparada a luz incandescente da candeia que brilha em lugares tenebrosos iluminando tudo aquilo que está em trevas. Os profetas são os mensageiros desta luz, atalaias da revelação que não descansam até que seja dia perfeito e a brilhante estrela da manhã brilhe sobre a face da Igreja.


"Certamente, o SENHOR Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo aos seus servos, os profetas" (Am 3:7).


"Não havendo profecia, o povo se corrompe" (Pv 29:18).




'''Conhecendo o Profeta de Hoje e a Profecia'''


Creio que toda a Bíblia pode e deve ser pronunciada profeticamente aos homens para edificar, exortar e consolar (1Co 14:3). "Porque todos podereis profetizar, um após outro, para todos aprenderem e serem consolados" (1Co 14:31). Todos os crentes podem profetizar a Palavra de Deus, mas nem todos são profetas. Na carta de Paulo aos Efésios no capítulo 4 é muito clara a existência de cinco ministérios distintos na Igreja: "E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres" (vs. 11). Existe uma unção destinada ao ministro profeta que nem sempre será acompanhado pela palavra: "Assim diz o Senhor", entretanto, sua obra na Igreja sempre será profética.


No Antigo Testamento a base que julgava o profeta era o cumprimento ou não da profecia (Dt 18:22). Na igreja do Novo Testamento os requisitos mudam em alguma coisa. O cumprimento da profecia não é via de regra, a exemplo, comumente encontramos nos Evangelhos a frase: para se cumprir o que foi dito por intermédio do profeta. Muitas profecias messiânicas levaram centenas de anos para se cumprirem em Jesus, o tempo de Deus não é o tempo do homem. Além do tempo, fatores externos também podem influenciar no cumprimento de uma profecia. A Bíblia diz: "Quem recebe um profeta, no caráter de profeta, receberá o galardão de profeta" (Mt 10:41a). Se uma pessoa receber um profeta reconhecendo nele a autoridade profética então esta pessoa receberá o seu galardão: a profecia. Porém, se sua crença não for acompanhada de fé (1Co 14:22b), não espere tal pessoa receber o a luz de candeia - a palavra profética do Senhor (Hb 4:2). No livro do profeta Isaías o quebrantamento do rei Ezequias fez o Senhor mudar uma palavra profética que estava sobre sua vida (Is 38:1-5). Assim como a incredulidade de um coração cauterizado pode matar uma profecia, por outro lado, a fé suscita vida à profecia cuja fonte provem de um coração quebrantado.


O profeta deve ser conhecido pelo fruto do Espírito em sua vida (Gl 5:22). Jesus disse: "Ou fazei a árvore boa e o seu fruto bom ou a árvore má e o seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore" (Mt 12:33). "Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons" (Mt 7:18). Seja exortando, consolando ou edificando, o ministério profético, apostólico, evangelístico, pastoral e de ensino deve ser gerido com amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio - contra estas coisas não existem lei.




'''Atos Proféticos'''


Ato profético é uma ação solene feita pelo governo da Igreja declarando no seu propósito o juízo de Deus. É chamado de ato profético porque pré-anuncia em sua ação o reino de Deus sobre a terra - Tudo o que é ligado na terra é ligado nos céus e tudo o que é desligado na terra é desligado nos céus (Mt 18:18, 19).


A Bíblia está repleta de atos proféticos sem, contudo levarem o rótulo de profético. São nada mais do que a atitude positiva da Igreja em se corresponder com os oráculos de Deus.


O ato profético deve ter inspiração em uma revelação divina seja mediante uma palavra profética ou através das Escrituras Sagradas. Pode conter em si a intercessão, o louvor e a dança, porém, designar ou nomear "profético" a intercessão, o louvor e a dança não têm base bíblica já que cada um destes possuem características próprias e distintas. O que acontece é que a intercessão, o louvor e a dança ao se juntarem ao ato profético incorporam-se à ele.


O ministério de profeta muitas vezes é mal interpretado fora das quatro paredes das igrejas porque misturamos conceitos chamando coisa que não são como se fossem, ou seja, devemos profetizar, interceder, louvar e dançar sem acrescentar nada além do que a Bíblia ensina sobre estas coisas como verdade. Somos nós que permitimos que as coisas santas se tornem algo vulgar (Rm 2:24). O resultado é um excesso de "merchandise" envolvendo o profético e envergonhando a Igreja de Cristo.




'''Abusos na Igreja'''


Excesso de merchandise:


Certa vez, Jesus expulsou os negociantes do templo (Jo 2:13-17). Não ficaria admirado se o Senhor repetisse tal feito nos dias de hoje. Apelos publicitários são chamariz para a comercialização de ministérios - não somente o profético - onde ministrar virou sinônimo de lucro.


Encontramos termos como "profético" nos mais variados segmentos evangélicos e em muitos casos o elemento de motivação é o dinheiro. Oxalá que verdadeiros ministros profetas se levantem sobre as nações falando aquilo que a Igreja precisa ouvir da parte de Deus, sem a retórica de dizer somente aquilo que satisfaz os ouvidos humanos e o bolso (Jo 12:6).


Demarcando território:


A base bíblica para este ato profético está em Josué 1:3: "Todo lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo tenho dado, como eu prometi a Moisés". Neste caso a igreja sai das quatro paredes e toma posse espiritualmente de um território específico que pode ser um lote, um bairro, uma cidade, uma nação, etc.


Tem sido difundido o ensino de demarcar território com o uso de urina. Da mesma maneira que alguns animais urinam delineando seus territórios, algumas igrejas demarcam território através do odor da urina humana. Não existe nenhuma base bíblica para ensinar ou fazer tal ato profético, que, aliás, não tem nada de profético, pois não glorifica nem anuncia em sua ação a grandeza de Deus. O homem foi feito à imagem e semelhança de Deus, não somos animais no que diz respeito ao que é próprio do animal bestial. A raça humana foi criada dotada de capacidade de sentimentos e intelecto que nos distingue dos demais seres viventes (Gn 1:26/2:19). Atitudes animalescas na Bíblia são sempre ligados ao pecado (Dn 4:16; 28-33/ Rm 1:26/2Pe 2:16). Para fazer um ato profético de demarcar território basta a promessa de Josué 1:3 escrita na Bíblia e a autoridade existente no nome de Jesus.


Reações próprias de animais não são condizentes ao ser humano (urrar, engatinhar, rastejar, etc.), antes são terrenas e diabólicas, alterando o modo natural que Deus estabeleceu para cada ser da sua criação (Rm 1:18-23). O temor do Senhor também é o princípio da sabedoria no que diz respeito a atos proféticos na Igreja.




'''Alguns Exemplos de Atos Proféticos na Bíblia'''


- Aliança entre o Senhor e Abraão: Gênesis 15:1-21

- A instrução da Páscoa: Êxodo: 12:12, 13

- A serpente de bronze: Números 21:4-9

- A destruição de Jericó: Josué 6:1-21

- A vitória de Josafá sobre Moabe e Amom: II Crônicas 20:14-26

- A unção de Davi: I Samuel 16:1-13

- Eliseu torna saudáveis as águas de Jericó: II Reis 2:19-22

- A cura de Naamã: II Reis 5:1-14

- A intercessão de Ester: Éster 4:1-17

- O cativeiro do Egito: Isaías 20:1-5

- Os canzis simbólicos: Jeremias 27:1-22

- Jeremias compra um campo: Jeremias 32:1-44

- O cerco simbólico de Jerusalém: Ezequiel 4 e 5

- O casamento de Oséias símbolo da infidelidade de Israel: Oséias 1:1-11

- Jesus ungido por Maria: Marcos 14:3-9

- Jesus lava os pés dos discípulos: João 13:1-11

- Paulo em Cesaréia: Atos 21:10, 11

- A ceia do Senhor: I Coríntios 11:26




'''Conclusão'''


A Bíblia nos auxilia no julgamento de tudo referente ao ministério profético (e aos outros). O profeta ou a profetiza deve falar sempre em concordância com aquilo que está escrito na Palavra de Deus. Nada pode ser tirado ou acrescido das palavras da Bíblia Sagrada (Ap 22:18, 19).


"Prega a Palavra, insta, quer seja oportuno, quer não,

corrige, repreende, exorta com toda longanimidade e doutrina"

(II Timóteo 4:2 - grifo do autor).




Pr. Carlos Garcia Costa

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