Casais do mesmo sexo

Igrejas ministram bênção a casais do mesmo sexo
RIO DE JANEIRO - Será inaugurado em setembro o templo da Igreja da Missão da Cruz, que abrirá suas portas para casar pessoas do mesmo sexo. A nova igreja é dirigida pelo guia turístico Arnaldo Arruda, um ex-seminarista franciscano, de 51 anos, que investiu todas as suas economias na construção do prédio em Piabetá, na Baixada Fluminense.

O templo, de 24 metros quadrados, terá cadeiras acolchoadas, com capacidade para 20 fiéis, ladeadas por imagens da Imaculada Conceição e de São Lázaro, informa o portal de notícias do Terra. Arruda foi seminarista há 20 anos, veste batina marrom e sandálias, segundo o figurino franciscano. A Igreja da Missão da Cruz, define o seu líder, não é católica nem protestante. "É uma igreja ecumênica, mais abrangente", diz. Arruda não é o primeiro religioso do Rio a ministrar a bênção matrimonial a casais gays. O pastor Nehemias Marien, da Igreja Presbiteriana Bethesda, de Copacabana, já uniu cerca de 20 casais de gays e lésbicas nos últimos oito anos, relata o repórter Ricardo Farias, do Jornal do Brasil. "Sacerdote nenhum, em igreja alguma, pode sonegar a bênção ao amor, porque ela pertence a Deus. Os templos são apenas veículos de Deus", justifica Nehemias, 64 anos.

Em Campos, no Estado do Rio, o bispo Dom Carlos II, da Santa Igreja Brasileira Livre, também ministra a bênção a casais do mesmo sexo, e o faz desde 1999. "Sigo a palavra de Deus, e Ele não discrimina", argumenta o bispo. A Santa Igreja existe há oito anos.

Tanto Nehemias como dom Carlos abençoam gays e lésbicas porque estão convictos do amor de Deus para com todas as pessoas, sejam hetero ou homossexuais. Nehemias conta com o apoio da mulher, Egle, 42 anos. O casal tem três filhos e três netos. Dom Carlos II, 39 anos, também é casado, com Edna Angela dos Santos, 40 anos. Eles têm oito filhos.

Casamento de casais do mesmo sexo é tema, inclusive, na corrida presidencial. Sabatinado por uma platéia de cerca de 80 pastores da Igreja Assembléia de Deus, vindos de diferentes Estados, reunida na quinta-feira, 6, em Brasília, o pré-candidato Anthony Garotinho, do Partido Socialista Brasileiro (PSB), garantiu que, se eleito, vetará o projeto de lei que tramita no Congresso e que regulamenta a união civil entre pessoas do mesmo sexo.

Garotinho falou aos pastores pela manhã. À tarde, foi a vez do candidato à presidência da República pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Luiz Inácio Lula da Silva disse que é a favor do projeto de lei de reconhecimento da união civil de homossexuais. Mas, se eleito, fará consulta popular antes de sancioná-lo. O projeto, de autoria da então deputada Marta Suplicy (PT), hoje prefeita de São Paulo, tramita no Congresso Nacional.

O presidente da Comissão Política Nacional da Convenção Geral das Assembléias de Deus do Brasil, Ronaldo Fonseca, disse que a igreja vai definir, até o dia 14, qual o candidato que vão apoiar. José Serra, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), falou recentemente para os pastores da Assembléia em encontro no Rio de Janeiro. Ciro Gomes, do Partido Popular Socialista (PPS), também convidado, não compareceu.